Para os próximos seis meses, o fundo Antares Pioneiro, que passou a ter além de BTG e Itaú (íon) como distribuidores, também a XP, deve bater R$ 300 milhões de recursos alocados, prevê a Solis

O Solis Capital Antares Pioneiro, da Solis Investimentos, primeiro Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) dedicado ao público de varejo, lançado em junho deste ano, ultrapassou a marca de R$ 100 milhões em captação e segue atraindo investidores. O fundo, distribuído pelo BTG, até sexta-feira (06) acumulava R$ 121 milhões. A expectativa dos sócios-diretores da gestora é que o produto, que acabou de ser lançado na XP, alcance a meta de R$ 300 milhões nos próximos seis meses.
O resultado do novo produto, e em poucos meses, segundo Ricardo Binelli, sócio-diretor da Solis, se deve à reputação da casa, “a mais antiga e consistente, em termos de retorno, de famílias de fundos que compram cotas de FIDC” e à própria natureza do FIDC, que permite a entrega de retorno consistente com uma volatilidade mais controlada.
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“Nosso Antares vai fazer 13 anos em abril do ano que vem e nunca teve um mês sequer negativo. No Pioneiro, fizemos essa distribuição, começamos só com o BTG por uns 4 ou 5 meses. Depois, no último mês, trouxemos o Itaú através da Íon e, na semana passada, começamos a oferecer também na plataforma da XP”, explica Binelli.
O perfil do investidor do FIDC da Solis é algo que a gestora ainda está descobrindo, no entanto, boa parte da relação com o público tem ocorrido por meio de quem já tinha alguma relação com a casa, no caso, os assessores que já tinham clientes investindo no Antares, na sua carteira de qualificados, e procuram dentro da carteira o investidor de varejo para alocar no Pioneiro.
“Ainda estamos descobrindo, porque precisamos conhecer o ticket médio, o tempo de permanência dentro do investimento. O fundo tem 60 dias de prazo de resgate. Será que esse pessoal é mais nervoso em relação a isso? Já conhecemos muito bem o qualificado, o profissional que já investe conosco há uma década, pelo menos”, destaca Delano Macêdo, sócio-diretor da Solis. “Mas o público de varejo, provavelmente é aquele que quer uma estabilidade, porque a cota do fundo não tem marcação a mercado, tem uma rentabilidade mais robusta. A questão da rentabilidade e da volatilidade, com certeza, são atributos do pioneiro que eles podem estar buscando, por exemplo.” Apesar de o Pioneiro permitir um investimento a partir de R$ 100, segundo os executivos, olhando os aportes diários, os valores são acima deste, algo na casa dos R$ 10 mil de aporte, em média.
Destrinchando a carteira
O Antares Pioneiro, que por ser criado nos moldes da CVM 175 investe em cotas seniores de FIDCs com crédito performado, ou seja, créditos onde a mercadoria foi entregue ou o serviço já foi prestado, tem exposição a 20 outros fundos, especialmente ao Antares e ao Antares Light. Até a publicação da CVM 175, investimentos diretos em FIDCs só podiam ser feitos pelo investidor qualificado ou profissional, ou seja, com mais de R$ 1 milhão de investimento. “Dentro desses FIDCs investidos, temos uma concentração mais importante entre a classe de consignado, que atende essa questão de o crédito já ser performado, você tem volumes importantes de emissão de cota de consignado. A nossa maior alocação é em consignado, são 11 FIDCs que têm, mais ou menos, 40% da carteira”, comenta Binelli.
Em segundo lugar no portfólio do fundo, os FIDCs de duplicatas, chamados multicedentes e multissacados, ocupam quase 30% da carteira, com quatro FIDCs dessa categoria investidos. O Pioneiro também tem uma posição de caixa relevante, na casa de uns 15% e, por último, exposição a FIDCs de outros lastros, como agro e de financiamento de veículos. “A gente cai para essa diversidade de lastros, onde não tem uma concentração”, diz o executivo.
O FIDC a varejo da Solis, que possui uma meta de retorno entre CDI+1,5% e CDI+2%, tem, inclusive, gerado bons resultados. O fundo, no retorno acumulado, está entre 118% e 121%, representando um pouquinho mais do que o CDI+2%, o que os sócios atribuem ao trabalho de originação na casa, principalmente em créditos que fazem sentido para o Pioneiro, como os consignados. “A gente vem tentando trabalhar o máximo possível para conseguir emissões com nível de preço que nos permita fazer essa entrega”, comenta Binelli.
Nas operações que a casa estrutura, a maioria das vezes são ativos conhecidos, mas alguns são de originadores novos, no entanto, com um estudo de carteira, risco-sacado, histórico, etc. “E se eles se financiarem de outra forma, procuramos trazer para dentro do ambiente do FIDC. Apesar de serem novos no ambiente do FIDC, são antigos em outras formas de funding. Isso dá segurança para trazer para o FIDC”, aponta Macedo, da Solis.
“Normalmente, conseguimos um benchmark das cotas mais altas no começo para gerar um track record dentro do ambiente de mercado de capitais, para, no futuro, convencer investidores que aquele crédito já é conhecido, o risco já é controlado. Nesses casos, conseguimos trazer emissões de crédito performado, com rating, e só cota sênior para trazer para dentro do pioneiro”, complementa o executivo.
Perspectivas de mercado
Segundo dados da Anbima, houve um aumento do investimento feito por pessoas físicas em FIDCs, em todos os tipos de público. Os aportes cresceram 52% no acumulado de 2024 até setembro, frente a igual período do ano passado.
Boa parte ainda é representada pelos qualificados e profissionais, uma vez que o fundo da Solis é o único lançado ao varejo até agora, após quase um ano da CVM 175. Para os sócios-diretores da gestora, entre os possíveis motivos para o Pioneiro ser o único FIDC lançado ao amplo mercado até agora são o fato de o produto não ser uma prioridade para as casas, delas possuírem fundos que compram conta de FIDC, mas terem outras classes de ativos, ou possuírem um perfil de ativo que não encaixa com o público geral (créditos não performados ou sem rating). A gestora, por ter o foco 100% em FIDC, saiu na frente por pensar em alternativas dentro do mercado investidor na classe.
E do lado do investidor, a percepção da casa é que cada vez mais o apetite por FIDCs aumenta, consequentemente, o produto deve seguir crescendo com consistência. “E, casando isso, temos falado aqui do match, vários investidores de espectros diferentes têm procurado a gente, perguntando o que temos para eles investirem. E, ao mesmo tempo, notadamente nos últimos 12 a 24 meses, uma quantidade grande e distinta de perfis de clientes tomadores também nos procurando”, comenta Macedo.
Os executivos acreditam que em 2025 haverá um espaço importante de crescimento por conta dessa capacidade de fazer encontros entre investidores e tomadores da melhor forma possível. Além disso, citam um planejamento estratégico com dois projetos, que incluem entender o que há de oferta de ativos no mercado para estruturar, e no outro, um processo de diversificação de passivos e criação de uma família de fundos. “Estamos com uma visão muito positiva para, não só 2025, mas é o horizonte mais próximo”, complementa Macedo.