Com R$ 7,25 bilhões sob gestão, a casa, especializada em crédito via fundos de investimentos em direitos creditórios (FIDC), espera chegar ao fim do ano com cerca de R$ 10 bilhões
A Orram Investimentos está sob novo comando, com a chegada de Leandro Andrade, ex-diretor da Polígono Capital. Com R$ 7,25 bilhões sob gestão, a casa, especializada em crédito via fundos de investimentos em direitos creditórios (FIDC), espera chegar ao fim do ano com cerca de R$ 10 bilhões.
Está num segmento que tem boa receptividade entre o público institucional e que do outro lado encontra empresas carentes de recursos para financiar suas operações, segundo o executivo.
Andrade ficou quase dois anos na Polígono, joint-venture entre o BTG Pactual e a Prisma, especializada em investimentos alternativos. Juntas, as partes assumiram a gestão dos problemáticos fundos de crédito da Captalys, onde o executivo foi gestor entre março de 2020 e abril de 2023.
“A Polígono começou a devolver o capital dos investidores e eu vinha com pretensões de fazer algum tipo de movimento”, diz. “Me atraiu fazer parte de um grupo maior, a Osher, e a alavancagem de crescimento aproveitando desse ecossistema.”
A Osher nasceu como uma companhia de investimentos em 2012 e tem entre seus fundadores Marco Rennó, que antes fez carreira na firma de auditoria Trevisan. Desde 2019, o grupo vem fazendo coinvestimentos com parceiros entre incorporadoras, gestoras de private equity, apoiando com capital, rede de relacionamento e na governança do negócio, sem estar na linha de frente.
Numa outra ponta, o grupo tem como investidas a Orram, “que vem numa velocidade de crescimento excepcional em quatro anos de história”, diz Rennó, e a Okno Capital, criada em setembro de 2022 para atuar em “situações especiais”, adquirindo créditos não performados e que é liderada pelo ex-Itaú BBA e Jive Renan Silveira. No ano passado, essa vertical comprou o equivalente a R$ 700 milhões em valor de face.
No último trimestre do ano passado, a Osher fez investimento na Vero Capital, de Fernando Brasileiro, que cofundou a True Securitizadora e vendeu a operação para a Opea no meio de 2024. Antes, o executivo foi CEO da Companhia Brasileira de Securitização (Cibrasec).
Com uma companhia regulada pela instrução 161 da Comissão de Valores Mobiliários, agora a Osher tem uma sociedade para fazer originação, estruturação e distribuição de títulos via mercado de capitais, afirma Rennó. “Com o ecossistema Orram, Okno e Vero nos posicionamos em todas as frentes voltadas para o crédito ‘middle’ [de empresas médias].”
No conjunto, o executivo contabiliza 100 ativos investidos, com 152 aliados de negócios. Andrade chega na Orram para viabilizar os fundos de crédito que conversam com as outras atividades do grupo. A casa fechou 2024 com 41 fundos, 11 a mais do que tinha em 2023, contabiliza o executivo. “O crédito estruturado, o FIDC, têm um potencial imenso, é um mercado de trilhão.”
Andrade cita que o mercado total de crédito beira os R$ 7 trilhões no Brasil, com pouco mais de R$ 1,5 trilhão em estruturas tradicionais de dívida direcionadas tanto a pessoas físicas quanto a investidores institucionais. “Mas tem uma outra gama que a gente não vê de forma frequente no mercado de capitais. O nosso grande papel é encontrar as empresas, montar a estrutura de crédito para a companhia, que participa da cota júnior, e originar dentro do aquário dela”, diz. “Com a estrutura de fundo, ela tem um motor de crédito, com métricas de cobrança e acesso a capital.”
Com a Selic já em 13,25% ao ano e em pleno ciclo de alta, o executivo diz que a demanda por investimentos em ativos de crédito segue forte, porém este é um ambiente que exige mais da gestão de risco. “A Orram tem uma plataforma automatizada e com tecnologia consegue crescer com segurança, é um número factível de acompanhar. O ano é, sim, desafiador para o tema de crédito, mas que traz muita possibilidade de crescimento.”
Ele acrescenta que Orram não é uma casa de FIDC que compra estruturas prontas, mas que origina, desenvolve e aloca capital. “Consegue assim levar para os investidores, de forma segura, estruturas de securitização pulverizadas.” Entre as principais verticais está a de recebíveis comerciais, pela qual transitaram quase R$ 16 bilhões em 2024, “com histórico longo, conhecido”. A casa vem desenvolvendo outras frentes com ativos consignados, risco sacado, FGTS, além de recebíveis ligados ao agronegócio.
Apesar de a resolução 175, que reformou as normas para os fundos de investimentos, permitir que o FIDC alcance o público de varejo, Andrade diz que, nesta nova fase em que vai coordenar o crescimento da Orram, a ideia é manter a oferta para gestoras de fortunas, bancos e alocadores, pela estrutura mais sofisticada e perfil da originação. “Num segundo momento, este público pode fazer parte do nosso alvo”, diz. “Quando se olha para crescimento, o FIDC ultrapassou os fundos de ações, beirando os R$ 600 bilhões dentro da indústria.”
No seu radar estão empresas com faturamento entre R$ 500 milhões a R$ 2 bilhões ao ano, especialmente no interior do país, fora dos circuitos da Faria Lima e Leblon, onde se concentram as gestoras de recursos paulistanas e cariocas. “Os bancos estão mais retraídos na concessão, mas a empresa não pode parar a sua engrenagem de capital e o relacionamento com a rede de clientes e de fornecedores”, diz Andrade.
A imposição do “come-cotas” (o imposto semestral) a fundos fechados exclusivos e restritos no ano passado não alcança os portfólios debaixo da Orram, considerados “entidades de investimentos”, de acordo com o executivo. “Se o investidor tem R$ 1 milhão num FIDC, com a isenção do come-cotas e permanece por 10 anos, ao fim do período só com a economia do imposto ele ganha 30%, 40% mais da aplicação inicial, a estrutura transfere um ganho expressivo para o investidor.”
Mesmo para companhias que usam o instrumento como um facilitador da gestão do caixa, ele acha que os benefícios da estrutura de securitização são superiores à tributação. “As empresas entendem que dentro da sua base de clientes ou de forncededores têm um ecossistema para produtos de crédito, não é só o desconto [de duplicatas] puro, tradicional”, diz Andrade. “Uma companhia com 10 mil funcionários pode ter um consignado privado, um produto para alavancar vendas ou entrar em outras áreas.”

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