Muito se tem falado na relevância do mercado de capitais, realçando-se, nomeadamente, que o mesmo funciona como barómetro da atividade económica, permitindo a reciclagem das dívidas das empresas através do segmento obrigacionista, a injeção de capitais próprios nas mesmas através do segmento acionário e a conciliação da expansão da atividade económica com a ausência de fortes tensões inflacionistas.
Mas, importa, ainda, salientar a sua importância para as economias em transição, as quais carecem do recurso ao IDE-Investimento Directo Estrangeiro, em virtude de, em regra, não disporem de uma significativa poupança endógena que possa ser convertida em investimento reprodutivo.
Ora, para a captação de IDE afigura-se essencial apostar na implementação de uma política orientada para a estabilidade cambial, uma vez que a mesma apresenta uma influência positiva na componente psicológica do investimento.
E para se conciliar uma política orientada para a estabilidade cambial com alguma autonomia no domínio da política monetária apresenta-se fundamental que exista um mercado de capitais dinâmico.
Assim, a título de exemplo, se o Governo (ou o Banco Central) de uma economia em transição pretender implementar uma política expansionista, as taxas de cedência e de absorção de liquidez tenderão a baixar, o mesmo sucedendo com as taxas de juro, em geral, o que poderá levar a que as taxas de juro domésticas passem a ser inferiores às taxas de juro praticadas no exterior, induzindo a fuga de capitais e pressões no sentido de uma desvalorização substancial da moeda.
A fim de se manter a estabilidade cambial, o Banco Central teria de comprar moeda, reduzindo-se a oferta de moeda no mercado, o que iria pôr em causa a política monetária expansionista que se pretenderia aplicar inicialmente.
Seria, portanto, necessário anular esse efeito recessivo através de uma sterilized intervention que, neste caso, consistiria na aquisição de títulos no mercado de capitais, o que levaria a uma injeção de liquidez.
Se, porventura, se tratasse da implementação de uma política contracionista, que levasse ao aumento dos juros e a um afluxo de capital externo, a taxa de câmbio tenderia a subir e o Banco Central teria tropismo para vender moeda, mas, nesse caso, deveria recorrer a uma sterilized intervention que consistiria na venda de títulos, “enxugando o mercado”.
Em qualquer um dos casos seria necessária a existência de um mercado de capitais dinâmico.
Daí a relevância de um mercado de capitais para uma economia em transição.
Quando Portugal celebrou com Cabo Verde um Acordo de Cooperação Cambial, em 1999, negociou-se, simultaneamente, a criação de um mercado de capitais, tendo os cabo-verdianos compreendido, desde logo, a sua importância.
E, até ao presente, têm-se dado bem com a opção feita.
Nem mais, nem menos…
PS – Não quero deixar de aproveitar esta oportunidade para condenar o bullying a que o Presidente Zelensky foi sujeito por Trump e Vance. Um acto de grande coragem do Presidente ucraniano, nas circunstâncias em que ocorreu um evento que não deveria ser público, em que o Presidente ucraniano foi objeto de chantagem e de tentativa de humilhação por dois ditos “responsáveis” americanos. Tudo foi programado e encenado por Trump e Vance, os quais não contavam com a determinação de um grande líder, chamado Zelensky.
Nem mais, nem menos…
Fonte: https://www.dn.pt/opiniao/mercado-de-capitais-e-economias-em-transi%C3%A7%C3%A3o

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