Fundadores do iFood e da Hashdex estão entre investidores-anjo; grandes multifamily offices aplicaram no fundo

A Nexa Finance levantou R$ 20 milhões para seu primeiro fundo, com uma demanda três vezes superior à oferta, e fez uma rodada pré-seed (aporte de recursos em uma startup ainda na fase de ideação) de R$ 10 milhões com a adesão de investidores de peso, como o fundo Norte Ventures, o cofundador do iFood e da Nomad, Patrick Sigrist, e o cofundador e CEO da Hashdex, Marcelo Sampaio.
Além da experiência anterior dos dois fundadores, Lucas Danicek e Eduardo Furuie, egressos da Tera Capital e do Pátria Investimentos, atraiu a atenção desses investidores a proposta da Nexa, que tokeniza os ativos, processo que transforma ativos físicos em versões digitais, o que permite negociá-los de forma fracionada e hiperpersonalizada. A plataforma da gestora está em testes na versão beta, com lista de espera sendo atendida aos poucos por um modelo de indicação.
“Com o processo, poderemos oferecer para todos, do ultra-high ao varejo, o mesmo produto, só que com custos muito mais reduzidos, customização e programabilidade”, diz Danicek. Segundo ele, no fundo os recursos investidos são dos multifamily offices Brainvest, Koli Capital, Vita Investimentos e a gestora More Invest. “É uma chancela importante para o nosso processo da tese de investimento”, diz ele.
Os mesmos produtos estão disponibilizados na plataforma a partir de R$ 100, com personalização em prazos, fluxos, perfis de risco, indexadores e retornos. “Acreditamos que a hiperpersonalização em investimentos alternativos é o futuro da gestão de fortunas e queremos torná-la acessível”, diz Danicek.
De acordo com ele, a ideia é oferecer um cardápio variado em renda fixa e crédito privado. “Entendemos ser a grande oportunidade e um motor importante do mercado no momento. E, nos primeiros produtos, estamos oferecendo exposição a riscos muito baixos como, por exemplo, risco soberano, bancário, com nível de retorno mais alto”, explica o CEO. O fundo que captou os R$ 20 milhões é de investimento em direitos creditórios (FIDC) com lastro em cotas de consórcios de grandes administradoras, como Itaú, Porto Seguro e Banco do Brasil, e objetivo de retorno de CDI mais 3,5% a 6% ao ano.
A próxima a entrar em funcionamento é a ferramenta Nexa Copilot, com foco inicial em gestores de fortunas, single e multi family offices, private e escritórios de agentes autônomos. O sistema serve para auxiliar o alocador ou assessores de investimentos a darem recomendações personalizadas e também permite rebalanceamento automático da carteira, mas pode ser usado pelo investidor isoladamente também.
“É muito amigável para não especialistas, inclusive”, reforça Danicek. “Ele mostra, olhando os seus objetivos de compra, a sua renda, o seu planejamento financeiro patrimonial, o risco da sua carteira, a sua liquidez, qual que é o ativo que você deveria comprar que mais melhora a relação risco-retorno da sua carteira”.
Além da plataforma e da gestora, a Nexa tem uma securitizadora, ou seja, uma organização que permite originar, gerir e estruturar produtos e investimentos alternativos e por fim distribuir por meio de um sistema de gestão de portfólio, combinando ativos tradicionais e digitais. Essas originações estão sendo feitas em ofertas privadas. As públicas ficam para janeiro. “Queremos fechar mandatos grandes, de R$ 50 milhões a R$ 100 milhões, para ativos tokenizados, que é algo que não foi feito ainda”, comenta Eduardo Furuie. “A expectativa é distribuirmos R$ 500 milhões em investimentos no ano que vem. Não vamos ser um supermercado de produtos”, conclui.