“Na sala envidraçada de uma empresa industrial no interior do Paraná, o diretor financeiro
respirou fundo, olhou para a planilha e percebeu o que já sabia antes mesmo do anúncio
oficial. O Banco Central apertou mais uma vez. Selic a 14,75%. E com isso, nos bancos o crédito
ficou mais caro, outra vez.”
Juros altos por si só não paralisam uma economia. O que paralisa é a ausência de alternativas.
Com a Selic alcançando 14,75%, maior patamar desde 2006, é natural que o custo do crédito
suba e os investimentos esfriem. Mas é exatamente nesses momentos que algumas empresas
crescem na contramão da curva, porque entendem que o problema não está exatamente no
preço do dinheiro, mas na forma como ele é acessado.

Quando o crédito tradicional encarece, o caminho óbvio deixa de ser o
melhor. Bancos, em sua maioria, ainda operam com estruturas pósfixadas, atreladas ao CDI.
Isso significa que cada oscilação da Selic recai sobre o caixa da empresa, tornando o
planejamento financeiro uma equação de variáveis móveis. E para quem precisa tomar
decisões de médio e longo prazo, isso é como tentar construir sobre areia.
Foi exatamente por isso que as empresas passaram a olhar com mais
atenção para os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios, os FIDCs.
Eles não são apenas uma opção fora do circuito bancário. São uma forma de redesenhar a
lógica do crédito. Operações mais transparentes, com menos custos atrelados, análise mais
ágil e, principalmente, maior previsibilidade de taxas pré-fixadas.
Em um cenário de juros elevados, previsibilidade vale tanto quanto a taxa.
Quando uma empresa conhece exatamente o custo da operação que está contratando, ela
retoma o controle. Sem surpresas futuras. Sem letras miúdas que incham a conta. Sem
exigências desproporcionais que travam a negociação. O crédito precisa voltar a ser um
instrumento de expansão, não uma armadilha disfarçada de oportunidade para as empresas.
A alta dos juros exige resposta, não recuo. O crédito continua existindo, mas agora, ele mudou
de lugar. Sai dos bancos e ganha força nos FIDCs, o que requer um olhar mais atento, menos
automático e mais estratégico das empresas.
A Selic deve se manter alta por mais tempo, e esse movimento tende a se intensificar. Mais
empresas buscando alternativas fora dos grandes bancos. Mais estratégias de financiamento
feitas sob medida. E mais clareza sobre o que realmente significa fazer uma gestão de capital
inteligente.
Nuca esqueça você empresário que, quem espera o cenário melhorar para agir, está ancorando
quando deveria estar navegando.